Johann Cruyff foi o expoente máximo da elegância e do desdém futebolístico.
Indiscutivelmente o melhor da sua época, cilindrou o AC Milan por expressivos 6-0, derrotou o Benfica de Eusébio por 3-1 no inferno da luz, e sacou, juntamente com Neeskens, Haan, Repp e quejandes, três ligas do campeões para o Ajax de Amsterdão, constituído pela selecção da laranja mecânica e um alemão qualquer de nome
Kronenburg.
Ainda assim, na qualidade de favorito, decidiu não ir a um Mundial por alegada "
falta de motivação".
Ainda assim, na final do Mundial em que compareceu, tendo marcado praticamente sozinho, um golo aos 7minutos, sem a Alemanha ter tocado uma única vez na bola, não festejou (
raramente festejava).
Ainda assim, desmotivou e acabou a perder 2-1 para o Kaiser Beckenbauer.
A Holanda jogava com três defesas e sete malucos desenfreadamente ao ataque e, para Cruyff, ou o massacre era perfeito, ou dificilmente valeria a pena.
Cruyff, por feitio, nunca foi rei ou sequer o reclamou.
O inglês, tão tipica e rigidamente orientado, tão conservador e desconfiado, nunca percebeu a rebeldia do futebol total, como a outra, uma permissa de sublime perfeccionismo de base.
E por isso lhes chamavam "
The Neurotic Dutch Football Team".