O príncipe, porém, era outro
Marcou quatro nos 5-0 ao almighty Benfica, em pleno estádio da Luz e colaborou com um que derrotou o mesmo (4-1 após prolongamento), na final da liga dos campeões.
O beatle do futebol, o kid de Manchester.
Para estágio, o autocarro do Manchester United levava a comitiva (quase) inteira. Seguia-se-lhe um ferrari amarelo, transportando um jogador de 22 anos, que vestia casacos vison e usava patilhas pelo queixo. Esse a quem tudo era permitido, desde que jogasse o que jogava.
O mesmo que treinava ébrio e vomitava em estágio. Aquele mesmo que fintou cinco antes de marcar o golaço pela pátria Irlanda.
Esse louco furioso, o primeiro a receber simultaneamente ameaças de morte dos defesas que fintava, bem como das fúteis ex-namoradas que trocava.
O que não conhecia a táctica, originário génio de mau-génio.
Tão somente aquele aquem bastaram dois anos de futebol pop e arrogante, nada mais. Dois anos que lhe valeram poucos títulos e um filme.
Esses dois anos que não serão apagados pela vadiagem de dormir em bancos de jardim, pela bancarrota e sucessivas cirroses e transplantes de fígados a que tem sido submetido.
O que atingiu o peak e aceitou, pacificamente e sem vénia, o seu slow decay.
E também aquele de quem o meu pai não se farta de falar.
"Claro que Beckham é tão bom como eu era. Tirando não saber fintar como eu fintava, não saber rematar como eu rematava, não se posicionar como eu me posicionava e não correr como eu corria, Beckham é tão bom como eu era."
- George Best/2001