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quarta-feira, outubro 26, 2005 

Delayed

O problema de Mário Soares é o particípio presente ser um tempo que o é meramente no plano gramatical. O tempo real, esse, como diz o poeta José Cid, passou. E não volta atrás - diz ainda o mesmo José Cid. Como se a candidatura em si não fosse já anacronismo suficiente, agora são-no os próprios comentários do candidato. Por exemplo, ontem, a propósito do eterno referendo sobre o aborto, afirmou que o presidente da república "devia ponderar" e depois, "tendo dúvidas acerca da legalidade da proposta, remetê-la para o Tribunal Constitucional".
Esta apreciação do candidato faria todo o sentido, se a referida remessa não tivesse acontecido há uns 20 dias atrás. Como o faria a candidatura. Há 20 anos atrás.

Anacrónico, confuso. Anacronicamente confuso.

"Também o tempo que permaneceu à frente do Partido Socialista ficou por esclarecer. Se numa primeira intervenção Soares disse ter sido secretário-geral do PS durante onze anos, mais adiante esse período estendeu-se a 13 anos.
Alguma dificuldade de concentração ficou patente, quando uma jornalista colocou ao candidato duas questões diversas. A primeira foi se iria suspender a militância no PS e a segunda por que razão pensava que os portugueses iriam desta vez pôr todos os ovos no mesmo cesto, retomando aliás uma expressão que em tempos foi usada pelo próprio Soares. Por três vezes, o candidato pediu: "Pode repetir a pergunta?"

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