quarta-feira, novembro 30, 2005 

Segment



Hope Sandoval/Mazzy Star

Zé Gato

 

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


F. Pessoa

Zé Gato

 

Justo

O candidato presidencial Manuel Alegre defendeu hoje a concessão automática da nacionalidade portuguesa aos descendentes de imigrantes nascidos em Portugal.

Zé Gato

 

Metro



«É A CULTURA, ESTÚPIDO!» - O FUTURO DA LITERATURA. No dia em que se assinalam os 70 anos da morte de Fernando Pessoa e que a sua obra cai no domínio público, o É A CULTURA, ESTÚPIDO! “ressuscita” o mais importante poeta português do século XX em mais um debate no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz. Em discussão estará a forma como o legado do escritor será recebido pelas próximas gerações. No centro das conversas estará ainda o futuro da própria ideia de literatura e o lugar que esta poderá ocupar na cada vez mais vasta panóplia de oferta cultural. Esta sessão, organizada em colaboração com a Casa Fernando Pessoa, será moderada por José Mário Silva, com Pedro Mexia no papel de “agente provocador”. Os convidados especiais são José Afonso Furtado, director da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian, além de especialista em questões da Edição no mundo digital e novos suportes para o livro, Richard Zenith, tradutor, investigador e editor de Fernando Pessoa, Manuela Parreira da Silva, professora da Universidade Nova de Lisboa e elemento da equipa que tem estudado e editado o espólio pessoano e Fernando Cabral Martins,ensaísta, “pessoano” e um dos responsáveis pela Pós-Graduação em Edição de Texto da Universidade Nova de Lisboa.O debate é na próxima quarta-feira, dia 30 de Novembro, às 18.30h.

Para assinalar esse acontecimento, o São Luiz Teatro Municipal e a Casa Fernando Pessoa desafiam actores, autores, artistas, personalidades para virem ao Jardim de Inverno no dia 30 entre as 16h00 e as 18h30 para lerem um poema, à sua escolha, de Fernando Pessoa. A sessão é aberta ao público. Entre muitos outros, lerão poemas de Pessoa, Gonçalo M. Tavares, Fernando Pinto do Amaral, Graça Lobo, Nuno Lopes, Sérgio Godinho, Inês Pedrosa, Virgílio Castelo, Pedro Lomba, Rogério Vieira, Sofia Grillo, Manuel Marques, Carlos Martins, Jorge Vaz de Carvalho, Pedro Mexia, José Mário Silva, Nuno Artur Silva, Sílvia Pfeifer, Custódia Gallego.

Para encerrar as comemorações do dia, e os 12 anos da Casa Fernando Pessoa será apresentado o espectáculo Wordsong/Pessoa, pelas 21h00 na Casa Fernando Pessoa.


É um bom dia para não ficar a trabalhar.

Zé Gato

terça-feira, novembro 29, 2005 

Timing

Ontem enviei um email para o tipo da causa foi petrificada onde, entre outras coisas dizia:

1 - Que o Best, com um cigarro na boca e um Scotch na mão, metia o Ronaldinho no bolso;
2- Que o Best bebia e o Ronaldinho não e, bem vistas as coisas, o Best era melhor;
3 - Que o Best foi considerado o melhor jogador do mundo em 1968 e o Ronaldinho nunca.

Recebi uma resposta de uma simpatia atroz, do género "Discordo, mas sem condescender. Um abraço."

Hoje o Ronaldinho Gaúcho foi considerado o melhor jogador do mundo.


O timing foi meu ou o timing foi dele?

Zé Gato

 

Figura de Estilo (2)

O feitio dele era como uma batida dos New Order.
Meio industrial, por vezes pesado, a espaços descompassado.

Mas quando ela estalava, ele tocava pianinho.
Era outra música, era vê-los dançar.

Zé Gato

 

Figura de estilo

O feitio dela era um estalar de chicote.

Zé Gato

 

Mais claro

Não eram os que batiam a bola baixinho que o irritavam.

Eram os sacripantas que a batiam rasteirinho.
Muito rasteirinho.

Zé Gato

 

Mingle

Nasceu crente na social democracia, porém também firme comodista. Transformou a adversativa em copulativa, quando decidiu que tudo o que queria era pagar aí uns 60% de IRS e dormir descansado.


Marco Tábuas

 

Red devil



George Best, em futebol fast forward, aqui.

Zé Gato

segunda-feira, novembro 28, 2005 

Continua a jogar assim, meu lindo


Feio à bruta, mas com um chuto que mete medo a deus.

A propósito, o clube que vai muito mal já está quatro pontos à frente do clube que vai muito bem.
O relativismo eleva-se a novos patamares.

Zé Gato

domingo, novembro 27, 2005 

Com a devida vénia (outsourcing)

Era tão bom advogado que, inclusivamente, uma vez conseguiu convencer duas pessoas de que aquela profissão "era nobre".

 

Campanha miserabilista (pausa para uma vista de fora)

Cavaco Silva é Jean Valjean.
A esquerda é o Inspector Javert.

Todos sabemos que Jean Valjean é descoberto.
A dada altura, até o próprio o sabe.

Zé Gato

 

A minha Constituição (vers. candidato)


Mário Soares

Zé Gato

 

A minha Constituição (vers. candidato)


Cavaco Silva

Zé Gato

 

Cooperação cosmética

Manuel Alegre desafiou hoje Cavaco Silva a explicar o que entende por
"cooperação estratégica", ele que, quando foi primeiro-ministro, "investiu na teoria das forças do bloqueio".


Mas afinal o que é a candidatura de Cavaco senão uma mudança radical de paradigma governamental?
Todos o percebemos. Cavaco tem de apostar nessa mudança. Não mostra a cara em cartazes (foge da sobrevivente conotação), relembra apenas recortes do passado e recusa falar do resto. Passa a mensagem da regeneração e redenção, mas nunca é verdadeiramente assumida.

Todavia, uma mudança de paradigma como esta, sem embraiagem, tanto pode permitir curvar a fundo, como pode terminar num estoiro monumental.

Zé Gato

 

Reverência

Tenho para mim que uma coisa é certa:

De acordo com as sondagens, todas as candidaturas presidenciais foram bem recebidas pelos portugueses exceptuando a de Soares.
Retiro que a candidatura de Mário Soares, ao fim deste tempo de campanha, ainda lida com a explicação da sua existência.

Aparte de todo o resto, fico feliz por não sermos um país reverencial.

Zé Gato

 

Curva por fora

- Soares diz que Cavaco é um especialista em finanças públicas.
- Cavaco fala pouco.
- Soares diz que Cavaco nunca leu os Lusíadas.
- Cavaco dá uma entrevista ao Público. Expõe-se.
- Soares diz que Cavaco não passa de um um especialista em finanças públicas.
- Cavaco lembra acordos de concertação social.
- Soares diz que nunca desiludiu os portugueses e não será agora que os desiludirá e que Cavaco só percebe de finanças públicas e também um bocadinho de economia.
- Cavaco dá uma entrevista à Rádio Renascença. Expõe-se.
- Soares diz que Cavaco é um técnico e se fixa demasiado naquilo que muito bem percebe, finanças públicas e um bocadinho de economia.
- Cavaco dá uma longa entrevista e aparece a dar o nó da gravata na Visão. Expõe-se muito mais do que era bom para ele.
- Soares diz que a Cavaco falta alguma cultura humana, apesar de perceber muito de finanças públicas e de economia.
- Cavaco assume os poderes presidenciais como poderes de incentivo e que sempre respeitará a constituição, apesar do papel interventivo que reclama, nomeadamente ao nível da iniciativa legiferante, que só poderá desembocar numa estabilidade desejada entre os órgãos de soberania.
- Mas isso não faz sentido. Agora é que os portugueses ficaram verdadeiramente confusos.
- Soares lembra o perigo de um sistema presidencialista encabeçado por alguém que só pensa nas finanças públicas, quando não está a pensar na economia e dá (ainda e sempre) exemplos dos seus mandatos passados.
- Cavaco tenta explicar o que disse. Expõe-se.
- Soares puxa dos galões das suas vitórias passadas e diz que um Presidente não pode ser alguém que percebe de finanças públicas e também um bocadinho de economia.C ontinua com as respostas óbvias que começam invariavelmente por "Oh minha senhora..."


Estou muito preocupado.
Não sei se a candidatura de Manuel Alegre terá dinheiro para a propaganda da segunda volta.

Zé Gato

sábado, novembro 26, 2005 



"In 1969 i quit both women and the booze. Those were the worst 20 minutes of my life."

Zé Gato

sexta-feira, novembro 25, 2005 

Cronologia de uma vida


Hands on hips, bored, frustrated, or just contemplating his next masterpiece.


Passes by Harris,


Swerves Stevens,


Cruises by Harris, McCreadie e Peter Bonetti


Goal.

Zé Gato

 

"Come and get it, baby!" - George Best (1949-2005)


This pose was what George in his books described as, "Taking the piss out of players." It didn't matter who he was playing against, domestic or foreign, he treated them all the same. He knew he could take on and beat all comers!

Fica a comparação do incomparável, por comentadores desportivos da BBC, 2003.





Georgie Best era frequentemente definido como álcool, futebol, rock e mulheres.
Mas há uma outra defininção para Best, porventura mais certeira.
Best era Dedication 5; Total 76.
So long, Georgie.

Zé Gato

 

Semiose

Hoje, ao olhar para a capa do público, juro que pensei que à fotografia em que José Sócrates assume a coordenação do plano tecnológico, estava associado o título Droga: Consumo crescente de cocaína na europa preocupa especialistas.

Como a semiótica tem muito a ver com o que quer que possa ser assumido como signo, ela é, em princípio, a disciplina que estuda tudo quanto possa ser usado para mentir .


Marco Tábuas

quinta-feira, novembro 24, 2005 

Biografia não autorizada



Zé Gato

 

Liedson

O futebol é assim como uma enorme missa do campo grande, com a diferença de que os adeptos têm de facto fé e, quando abraçam quem está ao lado, fazem-no sem qualquer espécie de reserva mental.


Marco Tábuas

 

Sondagens DN

Cavaco Silva - 44,0%
Manuel Alegre - 14,6%
Mário Soares - 10,6%
Jerónimo de Sousa - 4,9%
Francisco Louçã - 4,6%

Manuel Alegre mantém-se como o candidato com mais possibilidades de disputar uma eventual segunda volta, tendo subido em relação ao barómetro de Outubro qua- se um ponto percentual. Alegre tem agora 14,6% das intenções de voto, alargando ligeiramente a diferença em relação ao candidato apoiado pelo PS, Mário Soares, que sobe apenas três décimas, para os 10,6%.
À esquerda há uma mudança de posição entre o candidato comunista, Jerónimo de Sousa - sobe ligeiramente para os 4,9% -, e o candidato do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã - está agora em quinto lugar, com 4,6%.

O barómetro foi realizado já depois de os cinco principais candidatos terem passado pela TVI para serem entrevistados por Constança Cunha e Sá.


Gato das Tábuas

 

A falha tectónica

Nova definição para a tortura

As técnicas de interrogatório da CIA em prisões secretas espalhadas pelo mundo contradizem a garantia do director da agência de que não é usada tortura, escreveu ontem o The Washington Post, no editorial "Director para a Tortura". O jornal, que cita a entrevista de Porter J. Goss ao USA Today dizendo que "a agência não tortura", acusa a CIA de ter inventado uma nova definição para tortura, de modo a negar que submete os prisioneiros a maus tratos. "Usamos capacidades legais para recolher informações vitais e fazemo-lo numa variedade de formas inovadoras e únicas, todas legais e nenhuma das quais é tortura", disse o director da CIA, sem precisar a que técnicas se referia. Mas, prossegue o Post, "algumas pessoas que trabalham para Goss deram à ABC News uma lista de técnicas avançadas de interrogatório, por acharem que o público devia saber qual a orientação da agência". E "graças a essa lista", acrescenta, "é possível comparar as palavras de Goss com a realidade". A ABC News referiu técnicas como "deixar os prisioneiros nus numa cela arrefecida e molhá- -los periodicamente com água fria". Na opinião do Post," ao insistir que tais práticas não são métodos de tortura, Goss introduz um paradoxo". E lembra que a Administração Bush recorre a uma suposta "falha legal", dizendo que a Constituição dos EUA não se aplica a estrangeiros fora do país, para que a CIA possa usar aqueles métodos com prisioneiros estrangeiros detidos em território que não seja norte-americano. Numa tentativa de impedir a tortura, senadores liderados pelo republicano John McCain lutam, através de emendas à actual legislação sobre defesa, contra "métodos cruéis e degradantes dos interrogatórios". Mas mesmo que sejam aprovadas, refere o Post, a CIA já redefiniu as técnicas de tortura como "formas inovadoras e únicas" de recolha de informação.

http://www.dn.pt

Zé Gato

quarta-feira, novembro 23, 2005 

Pausa para incentivo


Rita / Mulholland Drive

Por entre a caixa e até ao outro lado, ad perpetuam rei memoriam.

Zé Gato

 


no heterogéneo Lobo com pele de Cordeiro

Gato das Tábuas

 

Períodos compreendidos

Ver gráfico apud Super-Mário

Temo que, lá para os lados do blogue nintendo, ao contrário do que parece, esta não será a melhor forma de denunciar Cavaco Silva e a sua clara inaptidão para o desempenho da função presidencial.

Isto tendo em conta que governou de 1985 a 1995.
E muito menos atendendo ao Governo Soares e ao que todos sabemos sobre ele.

Zé Gato

terça-feira, novembro 22, 2005 

Português (4)

Cruzamos os braços e esperamos sair do suposto poço para conseguir fugir do suposto monstro, salvos, sei lá, pelo suposto super-herói, se este algum dia conseguir ultrapassar as supostas contas do suposto mestre.

Não consigo ver mestres genais com resoluções magníficas onde os poderes do seu cargo a ocupar não chegam.
Não consigo ver pais, vulgo tios ou avós, cujo carinho e conforto da face, conhecida e tão nossa, é sendo o próprio, mais do que o próprio.

Não nutro afectos por políticos que o querem dar.
Não gosto de prerrogativas extra-funcionais.
Não me impressionam carismas.
Não me agradam silêncios.
Não me sinto preso.
Não sinto falta de ombros para chorar.
Não mistifico.
Não mitifico.
Mas também não esqueço.
Zé Gato

 

Erosão

Confesso que, após a colocação do bonequinho do MS, com as jardineiras e o salto estúpido de punho em frente (o punho é em riste.), a minha vontade de visitar a praia se reduziu a um grão.

Zé Gato

 

Ainda a identificação

"Burt Lancaster! Before he can pick up an ashtray, he has to discuss his motivation for a couple of hours."
- Jeanne Moreau

Obrigado à R. pela citação. Não sei até que ponto aqui e só aqui me terei sentido visado.

Zé Gato

 

I'm only trying to give you what you've come to expect
Just another song about single mothers and sex
Single mothers and sex, single mothers and sex
Just another song about single mothers and sex
Ok, you've heard it before, it's nothing special
But it's a living, can't you see / I'm a professional
Oh, oh / La na na na / Oh, oh / I'm a professional
Oh, oh / La na na na / Oh, oh / Sleep on my darling.


Jarvis Cocker/1990

Zé Gato

 

Acceptance (F.)

Entre os milhares de volumes e o fumo fumado, a clareza do exterior fracassava em alcançá-lo.
Se lá fora tudo era mutável e no entanto claro, escolhera a opacidade, ainda assim, perene.

Desde cedo que, por destreza ou capitulação, exerceu o privilégio egoísta de não ser compreendido. Não lutava para o ser. Era-o. Mesmo que por reacção, revolta ou desdém. Era-o.
Está há trinta anos quieto, esperando que estejam perto dele, ainda que sem o compreender. Sem o tentar compreender.

E o mais que pode dar ou oferecer, consciente do muito que dá, é a constante renúncia a tentar compreender quem se atreva a acompanhá-lo.

Zé Gato

 

O tempo não resolve tudo.

Os interiores do seu carro estavam de tal forma sujos que, para cumprir os mínimos da vergonha, antes de os pôr a limpar, teria de os limpar.


Marco Tábuas

 

The Incompossible Language of Natural Aristocracy - Luchino Visconti



"My dear Chevaley, i hold a great honour to have met you and every thing you said was right. Except for when you said sicilians wanted to improve.

They don´t want to improve, Chevalley, because they think they are already perfect.
Others are coming to teach us good manners. But they won´t succeed, because we are gods."

- Don Fabrizzio Falconeri

Deleuze's Misreading
of Visconti's The Leopard
Lucio Angelo Privitello


Zé Gato

segunda-feira, novembro 21, 2005 

Metamorfose

E, em consequência, houve lugar a uma substituição (temporária) de poetas na margem direita do Blogue.

Há que lutar por alguma coisa.

Gato das Tábuas

 

Grelha de leitura

Por deliberação unânime de fim de semana, este blog porá temporariamente os ismos cépticos de lado e não se coibirá de manifestar o seu apoio incondicional a Manuel Alegre de forma directa ou indirecta, por vezes até altercada, mas sempre facciosa.


Marco Tábuas

 

Agora é Dali.

"Tenho uma relação afectiva com o povo português. Sei falar com eles, não sou empertigado, nem sou hirto, sou sempre eu próprio. Mais importante que ser primeiro-ministro, mais importante que ser Presidente da República, mais importante que ser deputado, é ser Mário Soares."
- Mário Soares, Lusa, 17 de Novembro

"At the age of six I wanted to be a cook. At seven I wanted to be Napoleon. And my ambition has been growing steadily ever since. Now i only want to be Dali."
- Salvador Dali.


Zé Gato

 

Diluir, também uma necessidade campanhística(?)

Por que são parecidos os manifestos de Cavaco e Soares

Segundo os jornais, Sobrinho Simões, figura por quem tenho a maior admiração, terá dito na apresentação do manifesto de Mário Soares ( a quem apoia ) que os manifestos eleitorais de Mário Soares e Cavaco Silva "são muito parecidos”. Marcelo Rebelo de Sousa fez exactamente a mesma leitura. Vale a pena perguntar por que é que isto acontece. Porque Cavaco teve uma súbita inspiração de esquerda? Não seria genuína. Porque Soares resolveu inspirar-se em Cavaco? É pouco crível...

Helena Roseta

Zé Gato

 

Osmose - Noites Brancas II

Seria bastante mais confortável se os outros não se lembrassem de tudo o que eu não me lembro que disse.

Marco Tábuas

 

Venerar, também uma necessidade das massas(?)

“J. G. Frazer, antropólogo social britânico, afirmou que a manutenção da ordem e da autoridade do Estado é essencialmente garantida pelas superstições das massas, coisa que, diga-se de passagem, ele considera ser um mau meio para atingir uma boa finalidade.”
- Robert Michels

Esta concepção não anda muito longe da de Karl Rove, ideólogo da campanha republicana de George W. Bush., onde os governantes personificam uma espécie de figura messiânica para o eleitorado em geral, criando a convicção da necessidade, incontornabilidade e inevitabilidade do Estadista. Mas, com maior ou menor importância, espalha-se um pouco por todo o lado.

Nos actos eleitorais autárquicos, em concreto, os portugueses, este efeito é potenciado pela proximidade que se verifica entre os eleitores e os candidatos aos vários órgãos autárquicos. Frequentemente se recorre à utilização das características pessoais do elegível como “palavra de ordem” de campanha. Assim, a propaganda exerce-se através da venda omnipresente de conceitos como “confiança”, “segurança”, “modernidade”, “futuro” ou “desenvolvimento”. Face ao uso de expressões, aqui ocas mas de aceitação unilateral (quem questiona o futuro, o desenvolvimento, a segurança?), o eleitorado depara-se com um progressivo esvaziamento de ideias, de debate ideológico ou de medidas concretas.
Esta é uma instrumentalização propagandística que se entranha no quotidiano do cidadão comum, desde as caixas de correio, o para-brisas do carro, os postes de electricidade ou moopies estrategicamente colocados em locais de grande afluência à extrema afectuosidade dos mercados e das feiras.
Em período de campanha, o eleitor é permanentemente condicionado na sua escolha política, por esta espécie de formatação conceptual de expressões progressivamente esvaziadas de sentido e, especialmente de critério eleitoral. Assim, cada vez mais desprovido de dados informativos ou pressupostos que lhe permitam uma mais consciente escolha eleitoral e bombardeado com programas cada vez mais abstractos, fluidos e de aceitação generalizada, o eleitor comum não tem grande forma de avaliar da aptidão ou inaptidão de um qualquer candidato para o desempenho de tarefas políticas, quando confrontado com a presumível “confiança”, “segurança” ou modernidade da sua actuação. Até porque, em termos psicológicos, o eleitor por vezes nem encara o ou os candidatos de uma perspectiva dinâmica, mas tão só de uma perspectiva estática, no acto eleitoral. Sujeito é de confiança, sujeito transmite segurança. Os quatro anos de mandato e o projecto político são uma realidade que muito poucas vezes é, sequer, avaliada.
Esta formatação densifica-se mais ainda na venda da imagem do político, que, quando em confronto com os seus pares, baseia a comunicação com o eleitorado na discussão daquelas que são as suas potencialidades pessoais, mais do que num debate centrado naquelas que deveriam ser as pautas do debate autárquico: as medidas concretas, a água, o saneamento básico, as muralhas do castelo, os cemitérios, os logradouros, os transportes, as acessibilidades, as escolas... Questões minoradas até pelo próprio eleitorado quando confrontado com as mais requintadas técnicas de marketing que se materializam nos sacos, nas canetas, nas pulseiras e autocolantes, no táxi social para idosos, nos cento e vinte mil lugares de estacionamento, nas autarquias que avançam, nas equipas de confiança, nas freguesias que merecem mais ou melhor. Um ex-libris do vácuo propagandístico: “Lisboa não é isto, Lisboa é gente.” Perante tamanha evidência, arriscaria, tamanho clarão ofuscante do óbvio, o feedback do eleitor comum será precisamente: “Ok, Lisboa é gente.”
Não se afigura como resposta possível "Não, Lisboa nunca é gente!". Muito menos "Claro, Lisboa é precisamente isso! Lisboa é gente!" Isto se não é manipulação de concordância, é vazio absoluto.
E o que sobra? Sobram as cores, a dimensão ortodôntica e sorridente do candidato, o ambivalente traje formal ou informal, (cuidadosamente alternado entre diferentes cartazes), por forma a cativar sempre um maior universo eleitoral. São estes os instrumentos e os critérios facultados ao eleitor para o exercício do acto democrático último: o voto.

Este desvio de prioridades, que não pode ser entendido como inocente (grave preclude inocente, na maior parte das vezes), parte precisamente dos supostos cidadãos mais responsáveis, naquele que é um progressivo processo de desresponsabilização, no que à informação do eleitor diz respeito e que é absolutamente imprescindível ao direito de voto.
E neste sentido, o direito de voto traveste-se de mero direito formal, faltando os meios essenciais para que possa ser livremente exercido, mais precisamente os canais informativos que permitam ao cidadão proceder à escolha, obnubilada por trivialidades.

Tal vacuidade culmina com uma aproximação um incitamento à gratidão e retribuição do eleitor, colocado numa situação devedora num negócio de generosidade. “Quem fez isto por si?”
O exercício do voto é transformado na cobrança de uma suposta dívida. E quem a paga é a Democracia.


17 Novembro
Lux e Zé Gato

sexta-feira, novembro 18, 2005 

Narciso

A única maneira de se realizar sexualmente a dois (ou a mais) era imaginar-se só.

Marco Tábuas

 

Post inédito

"And do not let us fall into temptation but release us from evil"*

* rezava a tatuagem nas costas dela.

Não gostava de tatuagens, mas dirigiu-se para casa com a ideia fixa de havia qualquer coisa ali que seria tudo menos inocente.
Rapidamente mudou de ideias para pensar, sim, que ali, qualquer coisa seria tudo menos inocente.

Zé Gato

 

Castor Canadensis Vol. II - "O afecto"



Zé Gato

 

Fumeur / Non-Fumeur

Nos últimos meses, cumpria a decisão estival de deixar de fumar, intercalando-a, agora e ali, com o estatuto de fumador esporádico ou ocasional.
Veio o dia do não fumador e sentiu-se uma espécie de aniversariante. Segurou-se naquela falácia que passa por levar longe de mais a analogia e decidiu, como é próprio das efemérides festivas, não se poupar a prazeres.
Entre outras coisas, fumou o dia inteiro.

Marco Tábuas

 

Happiness

Tinha por hábito não se levar demasiado a sério.

Marco Tábuas

 

Aqui ao lado

Fantástica série temática 90% vs 10%.

Marco Tábuas

quinta-feira, novembro 17, 2005 

Mais uma bola

X está sempre tão absorto pelo desemepenho simultâneo de tarefas várias, que Y se sente, em cada abordagem, asssistente de um malabarista em plena performance.

Marco Tábuas

 

Post de conforto

To thrive alone is always an option.

Zé Gato

 

Fotografias

Ela ficava furiosa quando eu dizia que o Lennon era um frouxo.

Mas a verdade é que há fotografias que o comprovam.

Zé Gato

 

Reconhecimento

- Faz-te de parvo. És bom nisso.

Marco Tábuas

 

Um bom estado de espírito requer uma boa banda sonora



Thanx borderline.

Zé Gato

 

Sorriso inconformado

Cortava os infortúnios da imigração desqualificada com um sorriso que nada tinha de parvo. Um sorriso que fazia lembrar o de Nelson Mandela, por tanta luta com tão pouca raiva. Um sorriso secular mas cristão, tão cristão que não teria, com toda a certeza, lugar na homilia dominical da igreja do campo grande. Um sorriso que ironiza qualquer gargalhada mas que também descarrrega, ainda que por momentos, qualquer semblante mais árido que se entrecruze. Obrigado, disse ele, acrescentando que aqui, ali, ou quem sabe acolá, o seu interlocutor do momento havia de ser recompensado, porque era assim que o mundo funcionava, ou devia funcionar, já nem sei.
Obrigado a quem nada fez. Obrigado a quem saiu sem saber se devia chorar ou simplesmente sorrir.

Marco Tábuas

quarta-feira, novembro 16, 2005 

Daily News / 16th of November 1981

John Hinckley, Jr., acusado de tentativa de homicídio do Presidente Reagan (falhou), tenta, desta vez, acabar com a sua própria vida (falhou).

À imagem do artolas que matou o Lennon (não falhou), Hincley Jr. andava a ler "The catcher in the rye" de J.D. Salinger, que eu nunca li, mas já ouvi dizer que normalmente dá asneira.

No mesmo dia era inaugurada a Convenção Laboral de Nove Iorque, onde o presidente da AFL-CIO, Lane Kirkland, culpa as políticas da Administração Reagan pela assustadora taxa de desemprego.


Não cheguei a notícia.

Zé Gato

terça-feira, novembro 15, 2005 

Moral

- Dedicas-te quase em exclusivo a jogos linguísticos, o que torna tudo o que escreves excessivamente formal - disse ele, visivelmente ansioso, por indeciso entre apertar o nó da gravata antes ou depois de ajeitar o botão de punho da manga direita.


Marco Tábuas

 

Sorry sir, I beg to differ.

Estado

O amor não é apenas o estado em que estás disposto a sacrifícios. É o estado em que estás disposto a humilhações.


Pedro Mexia

Ainda gostava de dizer mais qualquer coisa sobre isto, mas o que o Pedro Mexia entende como amor, eu entenderia como amor e disposição para humilhações.

Não é ínsito, não é necessário, nem vem acoplado.
Dizer o contrário, na minha opinião, não será mais do que fazer poesia.

Zé Gato

segunda-feira, novembro 14, 2005 

 

Shrug



Isto é um "shrug".
Dificilmente sujeito a tradução.

Zé Gato

 

Português (3)

"Isso não interessa nem ao menino jesus."

Empossar uma criança, supostamente abelhuda e residualmente interessada por tudo, em barómetro de relevância de assunto de conversa é um expediente altamente confortável.

Mas fico na minha de que o menino jesus continua a sair muito mal visto.

Zé Gato

 

Guantánamo

Viver num país onde se suprime o direito ao recurso de sentenças de prisão de guerra, por emenda legislativa, em nome de acautelar uma melhor investigação do abstracto terrorismo já não deve implicar vergonha nenhuma.

Implica terrorismo.

Zé Gato

 

Vergonha

Viver num país onde se condena um arguido a 4 anos de prisão por furto de um telemóvel, quando não houve identificação do sujeito ou qualquer outra prova e a condenação é baseada na livre convicção do juiz, apesar de uma testemunha ajuramentada dar o arguido como estando noutro local à mesma hora, tem um nome lá no meu burgo:

Vergonha.

Objectiva, global e alheia vergonha de todos os que subjugam a justiça à eficiência (leia-se sumária apreciação) judicial, num suposto trade off que nos é vendido como necessário.

Zé Gato

 

Português (2)

O português demonstra respeito pelos problemas dos outros, tendo, porém, sempre um problema superior para a troca.

Finda a conversa, não se coíbe de contar enfaticamente a terceiros o problema alheio.

Nesta fase, omite o seu problema subjectivamente superior, que será concomitante e também enfaticamente contado pelo outro português a outros terceiros, com omissão do respectivo.

Há uma inversa proporcionalidade aqui.
Nós, portugueses, não somos malucos.

Somos tendentes ao equilíbrio.

Zé Gato

 

Português (1)

"Já soube isso mas agora não estou a ver."

Os portugueses têm a certeza categórica que já souberam tudo, mas o tempo varreu o conteúdo do que sabiam.

Nunca o tempo varre a certeza de que souberam.

Zé Gato

sexta-feira, novembro 11, 2005 

Desta vez sem qualquer poesia

 

Aliterações

Diálogo imaginário:

- I cannot couple.
- Why can´t you couple?
- I can´t cope.
- Do you mean you cannot cope with coupling?


Zé Gato

 

O meu amor não tem poesia



E a que tivesse, nunca rimaria.
A poesia não teve amor.

Com volúpia de só,

Zé Gato

quinta-feira, novembro 10, 2005 

Leitmotiv

George - "So when i was about to break up with her, she told me Al Nesci had told her i couldn´t commit. And i would wind up hurting her. Can you believe the nerve of that guy?"

Jerry - "And would she get hurt?"

George - "Of course she would!"

Jerry - "So..."

George - "So i didn´t break up!"

Elaine - "Well, but you like her..."

George - "At first i thought i was just bored. Now i know i genuinely deslike her."

Elaine - "What?? And you´ll be dating her... for spite??"

George - "Hey, I´ll get married if i have to!!"

Jerry- "You are one strange man."

George - "Jerry, Jerry, Jerry... after all these years and you still don´t know what makes me tick."


Zé Gato

 

Wittgensteiniano

Levava a tal extremo o epíteto, que apenas se exprimia por proposições exclusivamente compostas por preposições.

Marco Tábuas

 

Dir-te-ei quem é (da produtividade)

Está descontraído no trabalho, porém, ocasionalmente e a espaços, exala uma ar de apreensão. Nessas alturas, está, certamente, a tratar de pendências bloguísticas.

Marco Tábuas

 

Estúpido

"A felicidade nas pessoas inteligentes é a coisa mais rara que conheço" (Ernest Hemingway)

Zé Gato

 

A casa está definitivamente mais clean

Boa noite a todos.

Zé Gato

 

La Haine

Mathieu Kassovitz realizou em 1995 “La Haine”, filme que, não sendo por si uma espécie de justificativo assíncrono dos mediáticos riots que agora assolam Paris, é, ao menos, um bom auxiliar interpretativo.
O filme pretende dar uma perspectiva realista, num registo de realizador/cameraman , em muito semelhante ao que mais tarde seria utilizado no “American History X”.
No entanto, a componente mais romanceada do filme não deve ser considerada despicienda,como auxiliar de uma abordagem integrada do que ali se passou (e passa), porquanto ver caras com nomes e estórias, ainda que criadas, é bem diferente de ver números e outras quantificações igualmente impessoais, que corroem as singularidades em favor de uma suposta visão histórica.
Das estórias para a história, como denominador comum, vai, a meu ver, a falta de interesse real manifestada pela classe política, bem como pelas diferentes elites, de uma forma quase transversal, em transformar o crescimento económico em progresso social que entra, desde há uns anos a esta parte, pelos olhos de todos e, em particular, pelos das principais vítimas desta política que exibe, desavergonhada, uma total nudez de valores.
Ainda que nada justifique o que se passa, esperar que aqueles que são marginalizados, guetificados em prateleiras, para ali permaneçam enquanto o estado vai, de forma explicitamente obscena, favorecendo uma minoria trancada em condomínios fechados e assépticos, é ter a crença mágica que a “escumalha” se comporte como deus na terra o que, ao que parece, a ter acontecido, e mesmo na voz dos mais crentes, foi vez sem igual.
Outro ponto que nunca é de mais frisar, é que estas pessoas, são, na sua esmagadora maioria, cidadãos franceses. E não vale a pena orar baixinho que são emigrantes de segunda geração, porque a nacionalidade é uma realidade normativa, tal como a ordem e, como tal, não se compadece com relativismos, sob pena de perder a sua validade intrínseca. São tão franceses como o ministro do interior.
Estão a destruir, maioritariamente bens do estado – que, obviamente, são de todos - e bens de quem tem tão pouco ou ainda menos do que eles. Estão a negar, afirmativamente, a comunidade a que pertencem, negando-se, numa perspectiva hegeliana, a si próprios. É verdade. Estão a queimar todas as ilusões, sobretudo as deles, nessas noites, como se repete no refrão da feliz escolha musical de Kassovitz.
Mas e quem desvia os lucros para as ofshore? Não rouba o estado? Não queima ilusões que ainda por cima são alheias? Tenho ideia que toda esta escumalha, se pudesse, fazia habilidades com contas bancárias ao invés de queimar carros como forma de protesto. Nada a fazer. A escumalha é mesmo assim, limitada. E o estado social está em falência, como nos repete,entre muitos outros iluminados, Vasco Pulido Valente, três vezes por semana, logo por baixo do Calvin.
Certamente que nada justifica o que se passa. Mas também, convenhamos, não é assim tão estranho.

Marco Tábuas

quarta-feira, novembro 09, 2005 

Sinais da escrita inteligente que o não são necessariamente

Quis escrever ateísmo com o auxiliar sms T9, respeitando as respectivas regras, mas obtive, sem mais e apenas, budismo. Aproveitei para aditar o, antes inexistente, termo ateísmo.

 

Enquanto aguardo comentários ao post anterior


O fascinante Castor Canadensis no seu habitat natural.

O Castor, que atinge o tamanho adulto de 55 a 70 centímetros ao qual se cola uma cauda de 30 a 40 centímetros é, de resto, um rapidíssimo nadador, bem como o símbolo do Canadá (aquele país onde não fecham as portas e que está colado ao país onde rebentam com as portas), onde existem cerca de seis milhões.

Zé Gato

 

Blogue interactivo

Exercício de Fill in the blanks:

Se esse tal António Teixeira pensa que pode castrar as hormonas de um adolescente, ele que______________________ porque ___________________não____________________
enquanto_______________________________.

Ficou esclarecido?


Todos os comments serão publicados no post, mesmo que ultrapassem os blanks.

 

Boas normas e boas condutas



O namoro entre duas jovens alunas gerou polémica na Escola Secundária António Sérgio, de Gaia. A Associação de Estudantes (AE) considera que o Conselho Executivo demonstrou uma atitude homofóbica relativamente às duas alunas, mas os responsáveis pela escola negam qualquer perseguição ou discriminação das jovens. O Ministério da Educação afirmou ao DN não ter qualquer conhecimento do caso.

O caso teve início há quase duas semanas, a partir de uma discussão entre uma das alunas homossexuais e uma auxiliar de educação. Mas as versões não são coincidentes os alunos contam que o problema começou com uma troca de palavras entre as duas. O presidente do Conselho Executivo, António Teixeira, acredita que as duas alunas terão sido encontradas a beijarem-se, afirmando ser política da escola, sem qualquer discriminação na orientação sexual dos alunos, não permitir manifestações de afectos, como beijos. Esta posição resulta, segundo explicou a escola em comunicado, de "uma necessidade de promover o respeito mútuo, a sã convivência entre toda a comunidade escolar".

Por isso, garante, "o relacionamento das duas alunas não tem incomodado este Conselho Executivo". E explica ainda que deu, "sem quaisquer reticências", autorização para a realização de um debate na escola sobre o tema "Homofobia". O comunicado da escola refere que os alunos "podem tomar a opção sexual que entenderem, preservando sempre os limites exigíveis a todos os utilizadores de um espaço público. E isto é válido para homo e heterossexuais".


A situação é absurda.
Já afirmar que é "política da escola, sem qualquer discriminação na orientação sexual dos alunos, não permitir manifestações de afectos, como beijos" em homenagem ao RESPEITO MÚTUO(?) roça a violência.

Seis palavras para este episódio desprezível:
Providência. Cautelar. Protecção. Direitos. Liberdades. Garantias.

 

Interrupção na rubrica Castor Canadensis

Para carregar no play e ouvir The Cure.

Por todas as minhas razões e mais alguma também minha, a primeira música a rodar é Cut here.

Obrigado à Rita do 100pretextos.

 

Não sei bem o quê,

Mas quioto e a sua base mercantilista, por um lado, e a quantidade de escrita cinzenta que este blog produz, aliada à sua inspiração ligeiramente a tender para o liberal, que melhor se traduz na expressão acabem com esse disparate que é o estado, por outro, têm algo em comum.

 

"Isto dava um post",

dava um post.

(Primeiro post da série Não sei bem se isto dava um post)

terça-feira, novembro 08, 2005 

Da diluição da identidade

Sinto-me uma tábua numa represa de muitas.

 

Nunca estive tão bem

E-mail:

Caro Pedro,

Começo a ficar assustada com esta obsessão por castores. Passa-se alguma coisa na tua vida que eu deva tomar conhecimento?

 

Objectificação e marketização do castor

 

Ainda a procriação em regime anual

Arrisco dizer que este fascinante bicho (castor) é, na realidade, um camelo sexual.

 

Despickable post

O Pedro Mexia é assustadoramente parecido com um castor, procria (segundo diz e na melhor das hipóteses) uma vez por ano, o que desde logo (segundo diz) o deve enervar imenso.

Não rói troncos.



E assim foi pelo cano a mera proposição hipotética de o Mexia, algum dia, vir a gostar deste blogue.

 

E são bípedes



Os castores procriam apenas uma vez por ano.
E uma vez que as crias abandonam os pais com a tenra idade de dois, para encontrar o seu próprio território e levar uma vida independente, esta patusca espécie está feita para não sofrer de sobrepopulação.

Malthus ficaria orgulhoso.

 

Tens de parar de pensar nisso


Castor Canadensis / Canadian Beaver

Agora penso em castores.

Passem por Beavers: Wetlands and Wildlifes.
Há uma secção específica denominada resolutions to the beaver/human conflicts. É a minha preferida.

 

Sonso, Cínico ou Falso

Correndo o risco de merecer esta tripla adjectivação, cumulada onde não se sobreponha, em circunstância alguma trocaria a ternura daquilo que vai sem dizer pela obscenidade do que não devia ter sido dito.

 

Zé Castor



É como o esquilo, mas mais robusto e expedito. Menos amaricado.
Constrói diques em grupo, mas vive bem sozinho.

Animal sensato.

segunda-feira, novembro 07, 2005 

Pergunta

Pergunto-me se não me levariam mais a sério se, em vez de Zé Gato eu assinasse como Zé Castro.

A mera elaboração deste post lembrou-me que o heterónimo que eu verdadeiramente queria era Zé Castor.

Claro que eu não tenho nada a ver com os castores porque sou um calão, mas quem se atreve a não levar um castor a sério, com aquele ar professoral?

 

Riso

Uns querem ter tudo a que têm direito.
Outros julgam ter direito a tudo.

Depois há os que querem ter tudo.

 

Jornada

Claro que não foi golo.

A bola tem de ultrapassar a linha inteira!
E quem faz vista grossa vê linhas grossas.

Grossas para lá de meio metro.

 

Contrato



Nunca vou conseguir cumprir tudo o que me prometi.
Não me importo, já me tinham falado de mim.

Mas não me vou executar.
Basta resolver-me e procurar outro devedor.

 

Hidden self (2)

Nunca poderia ter um best of.
Em todo o caso podia perfeitamente ter B Sides.


Sem valor comercial.

 

Credo

Céu pouco nublado ou mesmo limpo.

Confesso que creio, duas vezes por ano.
Creio, por esta altura, no Martinho e na noite de 12 de Junho em Nietzsche.

Creio bem que isto faça de mim um céptico de matriz judaico cristã.

 

Hidden self

sábado, novembro 05, 2005 

Cantar aquarelas



Sinto-me diluído.

 

Lasciva

Tenho procurado no dicionário, para evitar equívocos, mas não há palavra de que goste mais.

sexta-feira, novembro 04, 2005 

Vazio de funções

Joana Amaral Dias é mandatária para a juventude de Mário Soares.

 

Filtro

- "Oh, i know, i know..."
- "You do not know. Don´t say you know!!"


Nunca ninguém sabe.

E eu queria os teus olhos para mim.
Dava-te os meus sapatos em troca.

quinta-feira, novembro 03, 2005 

Privação de sono

Ouço tudo do fundo de um túnel.

 

Disjuntivo (santinho)

Ou estou constipado outra vez ou sou apenas hipocondríaco.

quarta-feira, novembro 02, 2005 

Plastica (5)

(sem imagem)

Porque não ser um bocadinho mais como a Sumares?

Ela parece suficientemente alegre.

 

Blogosfera

Claro que se eu escrever qualquer coisa sobre o Morrissey, passo de sentimentalão a cool num ápice.

 

Plastica (4)



Porque não ser um bocadinho mais como Zimbu, o Macaco?

Ele parece suficientemente alegre.

 

Moondog

Tal como sucedera nos concertos no passado mês de Maio, Antony (e os Johnsons) tocou uma série de versões no seu monumental e arrebatador recital num Coliseu dos Recreios apinhado de gente e pura emoção. The Guests de Leonard Cohen, Candy Says de Lou Reed, Affraid de Nico e All Is Loneliness de Moondog. Quem?, perguntou então muito boa gente…



A identidade do cego que brincou com dinamite em Sound + Vision

Obrigado à R. pela descoberta do post do Galopim, uma vez que não sou frequentador.

 

Plastica (3)



Porque não ser um bocadinho mais como o Guterres?

Ele parece suficientemente alegre.

 

Plastica (2)



Porque não ser um bocadinho mais como o Gil?

Ele parece suficientemente alegre.

 

Plastica (1)



Porque não ser um bocadinho mais como o Jack Nicholson?

Ele parece suficientemente alegre.

 

Não se pode ter tudo

Chuva aumenta reservas de água mas traz perigo de derrocadas

terça-feira, novembro 01, 2005 

Meio Maçom

Era pedreiro mas não era livre.

 

Imagens



Gosto pouco de imagens alegres.
Nunca há nada para dizer sobre imagens alegres. São auto-explicativas.
As imagens alegres são ponto de chegada.
As outras imagens, essas sim, são sempre ponto de partida.

 

Coliseu dos sentidos



"One by one the guests arrive,
the guests are coming through,
the open hearted many,
the broken hearted few
."

Podia ter sido a melodia inicial, porque representaria tudo, mas não foi.

Eu não me lembro de ter respirado durante o concerto inteiro. Apoiei o queixo no cotovelo e este na cadeira e assim fiquei em suspenso. Do momento em que ele se sentou ao piano ao momento em que abanou a mão no adeus.

Inicialmente fiquei um bocado desiludido por não haver secção de metais (O quê? não há "fistful of love"??) mas os violinos e o "cello" deram bem conta do recado... porventura melhor conta. Mas com um Antony daqueles, é difícil falar dos Johnsons.

Não podia ter pedido melhor surpresa que duas versões fantásticas de "Guests" do Cohen e "Afraid" de Nico.
Ainda não tenho bem a certeza de perceber como é que ele pode aguentar sentir aquilo tudo ao mesmo tempo, sem estoirar. Mas a demonstração é transparente. Aliás, tudo é transparente ali. E em vez de rebentar, tudo é repartido pelos presentes na sala.

Sorrow, lust, desire. Tudo substantivos que não tenho pretensão de conseguir traduzir, da mesma forma que me foi traduzido ontem, de inglês para inglês.
"Fell in love with a dead boy", "hope there´s someone", "bird gehrl", "for today i am a boy", "you are my sister", "candy says" (Não era a própria Candy Darling da factory que esteve nesse momento no palco?). Só faltou mesmo "river of sorrow", apesar dos berros dos camarotes.

Eu fiquei em constante suspensão e não consegui pedir nada porque foi praticamente tudo dado. Não houve peito aberto que não fosse fechado.

Quer-me parecer que se o Reed, o Devendra, o Rufus, a Julia Yasuda e o Boy George ontem estivessem em palco, silenciosamente desciam, sem vénia e calmamente se juntavam a nós nas cadeiras, imóveis e calados.
Porque não havia espaço para mais ninguém. O palco estava cheio.

Nós, os que viram, ouviram e sentiram, "We were left to pick up the hints, the little symbols of his devotion."
E mais não devo escrever, porque posso ser ainda mais redutor e menos expressivo com as palavras do que fui acima.

 

Dice number five

Acontecia-lhe, com macabra recorrência, estar com mais quatro pessoas que conversavam, entre si, duas a duas. Sentia-se perdido, algures entre as duas de trás e as duas da frente. Era o indefinido do meio. Nessas alturas podia jurar que, visto de cima, era a pinta número cinco.

  • PML
  • PM

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