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quinta-feira, novembro 10, 2005 

La Haine

Mathieu Kassovitz realizou em 1995 “La Haine”, filme que, não sendo por si uma espécie de justificativo assíncrono dos mediáticos riots que agora assolam Paris, é, ao menos, um bom auxiliar interpretativo.
O filme pretende dar uma perspectiva realista, num registo de realizador/cameraman , em muito semelhante ao que mais tarde seria utilizado no “American History X”.
No entanto, a componente mais romanceada do filme não deve ser considerada despicienda,como auxiliar de uma abordagem integrada do que ali se passou (e passa), porquanto ver caras com nomes e estórias, ainda que criadas, é bem diferente de ver números e outras quantificações igualmente impessoais, que corroem as singularidades em favor de uma suposta visão histórica.
Das estórias para a história, como denominador comum, vai, a meu ver, a falta de interesse real manifestada pela classe política, bem como pelas diferentes elites, de uma forma quase transversal, em transformar o crescimento económico em progresso social que entra, desde há uns anos a esta parte, pelos olhos de todos e, em particular, pelos das principais vítimas desta política que exibe, desavergonhada, uma total nudez de valores.
Ainda que nada justifique o que se passa, esperar que aqueles que são marginalizados, guetificados em prateleiras, para ali permaneçam enquanto o estado vai, de forma explicitamente obscena, favorecendo uma minoria trancada em condomínios fechados e assépticos, é ter a crença mágica que a “escumalha” se comporte como deus na terra o que, ao que parece, a ter acontecido, e mesmo na voz dos mais crentes, foi vez sem igual.
Outro ponto que nunca é de mais frisar, é que estas pessoas, são, na sua esmagadora maioria, cidadãos franceses. E não vale a pena orar baixinho que são emigrantes de segunda geração, porque a nacionalidade é uma realidade normativa, tal como a ordem e, como tal, não se compadece com relativismos, sob pena de perder a sua validade intrínseca. São tão franceses como o ministro do interior.
Estão a destruir, maioritariamente bens do estado – que, obviamente, são de todos - e bens de quem tem tão pouco ou ainda menos do que eles. Estão a negar, afirmativamente, a comunidade a que pertencem, negando-se, numa perspectiva hegeliana, a si próprios. É verdade. Estão a queimar todas as ilusões, sobretudo as deles, nessas noites, como se repete no refrão da feliz escolha musical de Kassovitz.
Mas e quem desvia os lucros para as ofshore? Não rouba o estado? Não queima ilusões que ainda por cima são alheias? Tenho ideia que toda esta escumalha, se pudesse, fazia habilidades com contas bancárias ao invés de queimar carros como forma de protesto. Nada a fazer. A escumalha é mesmo assim, limitada. E o estado social está em falência, como nos repete,entre muitos outros iluminados, Vasco Pulido Valente, três vezes por semana, logo por baixo do Calvin.
Certamente que nada justifica o que se passa. Mas também, convenhamos, não é assim tão estranho.

Marco Tábuas

"Até aqui tudo bem, até aqui tudo bem. -Mas o importante não é a queda. É a aterragem..."

"C'est l'histoire d'un mec qui tombe d'un immeuble de cinquante étages; au fur et à mesure de sa chute il se répète sans cesse pour se rassurer: jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien... mais l'important, c'est pas la chute c'est l'atterrissage..."

até aqui tudo bem..... aaaaaaaahhhh

La vie c'est comme ça:
"Jusq'ici tout va bien..."
-> Pour toi aussi mon ami! <-

- Combien d'étages pour toi?

- Et ton aterrisage?

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Talvez não por acaso Hiena faça uso das mesmas letras: carnívoros vorazes de carne putrefacta.

E ela ri. E ela ri.

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