À descircunstância (meio à toa)
Conheço alguns descircunstanciados.
Dizem-se imunes ao momento, impassíveis e constantes.
São de uma fidelidade católica à coerência e ao que acreditaram, acreditam e sempre acreditarão. Gabam-se de não andar à toa, ao sabor de marés e de serem convictos, fortes, seguros. Não olham para o sol, a mão nunca lhes tremeu, o passo é seguro, forte, directo, sempre, sempre, sempre, sem dúvida, sempre!
Dizem-se cirúrgicos...sim, dizem-se concretos, incisivos, certos.
Mas depois, devagar, devagarinho, vem a circunstância. Afinal, não se compadece de palavras de desprezo, revolta-se quando é ignorada. E já não se fala tão alto, e o peito encolhe, a voz embarga e as palavras, outrora seguras, agora mastigadas, comidas, são contrafeitas.
E outros riem (e quem o evita?).
Mas como o riso é cínico (mas quem o evita?), votam o seu desprezo à descircunstância, ao ideal, ao arquétipo, ao protótipo, ao perfeito, ao total, ao completo.
E brindam, enquanto riem (e riem muito), tão somente, ao real.
Aos primeiros dedico-lhes a frase de António Botto:
"Que horas são? Não é noite nem é dia. É um intervalo suspenso na ponte da fantasia."
Aos segundos, no meio dos segundos, brindo com eles. E rio, rio muito.
Dizem-se imunes ao momento, impassíveis e constantes.
São de uma fidelidade católica à coerência e ao que acreditaram, acreditam e sempre acreditarão. Gabam-se de não andar à toa, ao sabor de marés e de serem convictos, fortes, seguros. Não olham para o sol, a mão nunca lhes tremeu, o passo é seguro, forte, directo, sempre, sempre, sempre, sem dúvida, sempre!
Dizem-se cirúrgicos...sim, dizem-se concretos, incisivos, certos.
Mas depois, devagar, devagarinho, vem a circunstância. Afinal, não se compadece de palavras de desprezo, revolta-se quando é ignorada. E já não se fala tão alto, e o peito encolhe, a voz embarga e as palavras, outrora seguras, agora mastigadas, comidas, são contrafeitas.
E outros riem (e quem o evita?).
Mas como o riso é cínico (mas quem o evita?), votam o seu desprezo à descircunstância, ao ideal, ao arquétipo, ao protótipo, ao perfeito, ao total, ao completo.
E brindam, enquanto riem (e riem muito), tão somente, ao real.
Aos primeiros dedico-lhes a frase de António Botto:
"Que horas são? Não é noite nem é dia. É um intervalo suspenso na ponte da fantasia."
Aos segundos, no meio dos segundos, brindo com eles. E rio, rio muito.
Muito muito bom texto, Pedro. Qual foi o whiskey responsável por tanta inspiração? :)
PS: E obrigado ao Galamba pelo link!
Posted by Tiago Mendes | 11:26 da manhã
Cerveja becks e português suave vermelho, Tiago.
E a quietude do lar.
As tuas fontes de inspiração, quais são?
Posted by Zé Gato | 7:46 da tarde