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quarta-feira, abril 13, 2005 

Contrição do Egoísmo

A recordação do mundo visto da (minha)infância invade-me por diversas vezes. Tinha por certo que nada era quando eu não estava. Aquela enorme encenação, feita para mim e por mim, só existia quando eu a via, ouvia ou sentia. As ruas, as pessoas e as coisas eram como aquelas luzes com sensores: tranquilamente apagadas à minha espera, só se acendiam à minha passagem e, com toda a certeza, mal virasse costas, novamente se eclipsariam. Afinal, de que serviria o que quer que fosse se eu não estivesse lá?
Creio que, de uma maneira ou de outra, todos vimos o mundo assim, algures na nossa meninice. Creio também que nunca nos conseguimos libertar inteira e verdadeiramente desta fase, como de resto acontece com tudo o mais que passamos. Os meus problemas é que são reais, só as minhas inseguranças provocam ansiedade insuportável. Os outros, esses, ou estão na nossa ferquência ou só podem ser parvos. Se de bem com a vida e nós mal são uns levianos, se, ao contrário, são uns cinzentões para os quais não há paciência.
Hoje saiu um "tu não dás valor às coisas", amanhã prometo um "as coias para ti não têm valor". Se a contrição tem de começar algures, porque não pela linguagem? Sussuremos, qual Galileu, "e no entanto ela move-se", nem que seja só às vezes...