Freguesia modelo
Portugal, toda a gente sabe, é um país essencialmente composto por bipolares, por autistas, por pessoas com pouco jeito para os números e, last but not least, por muitas outras que conseguem a proeza extraordinária da reunir, numa só cabeça, estes três traços de personalidade.
Ora, em boas sondagens, esta realdade tem, como ultimamente tem acontecido, de vir reflectida.
Em primeiro lugar o autismo. Obviamente que, para ser coisa séria, para amostras e circunstâncias semelhantes não se querem resultados similares. Não. As sondagens querem-se autênticas ou seja, autistas. E elas aí estão, de acordo com as expectativas, cada uma a espelhar uma realidade única e hermética.
Em segundo o lugar a bipolaridade. Duas sondagens, separadas por duas semanas, demonstram que os eleitores, de espaço político semelhante, decidiram, sem razão aparente mudar radicalmente de ideias. Foram só, de acordo com a amostra, uns 800.000 portugueses que se trasladaram, politicamente, sem motivo. Claro, são os 800.000 bipolares.
Em terceiro lugar os números. Os números são a justificação por defeito. O que não for autismo, bipolaridade ou qualquer outra afectação do foro psiquiátrico são pequenos erros matemáticos.
A conjugação do autismo com fascínio pelo desconhecido, os números, cria um todo gestalt que se sobrepõe à bipolaridade. Daí que, surja, firme e confortável no topo das sondagens, um tipo que percebe de números e é profundamente autista.
Se as sondagens supõem, mais do que qualquer outra coisa, uma amostra representativa, não se entendem de facto as críticas. Aliás, ser destacado membro de um partido e desempenhar papel relevante numa empresa de sondagens não tem nada de esquizofrénico: é até mesmo bastante saudável.
Marco Tábuas
Ora, em boas sondagens, esta realdade tem, como ultimamente tem acontecido, de vir reflectida.
Em primeiro lugar o autismo. Obviamente que, para ser coisa séria, para amostras e circunstâncias semelhantes não se querem resultados similares. Não. As sondagens querem-se autênticas ou seja, autistas. E elas aí estão, de acordo com as expectativas, cada uma a espelhar uma realidade única e hermética.
Em segundo o lugar a bipolaridade. Duas sondagens, separadas por duas semanas, demonstram que os eleitores, de espaço político semelhante, decidiram, sem razão aparente mudar radicalmente de ideias. Foram só, de acordo com a amostra, uns 800.000 portugueses que se trasladaram, politicamente, sem motivo. Claro, são os 800.000 bipolares.
Em terceiro lugar os números. Os números são a justificação por defeito. O que não for autismo, bipolaridade ou qualquer outra afectação do foro psiquiátrico são pequenos erros matemáticos.
A conjugação do autismo com fascínio pelo desconhecido, os números, cria um todo gestalt que se sobrepõe à bipolaridade. Daí que, surja, firme e confortável no topo das sondagens, um tipo que percebe de números e é profundamente autista.
Se as sondagens supõem, mais do que qualquer outra coisa, uma amostra representativa, não se entendem de facto as críticas. Aliás, ser destacado membro de um partido e desempenhar papel relevante numa empresa de sondagens não tem nada de esquizofrénico: é até mesmo bastante saudável.
Marco Tábuas