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quinta-feira, julho 14, 2005 

Esquizo

Coisa comum, e provavelmente a única, entre um romancista e um advogado é pôr por escrito, na boca de outros, palavras que eles nunca disseram e provavelmente nunca dirão.
Sensações diferentes devem no entanto ter um e outro. O romcancista deve sentir que cuspiu o seu ego fragmentado cá para fora. O advogado sente-se como um árbitro de ténis que decidiu experimentar bater umas bolas a dois mas sozinho.

Justiça!

não, espera.....

O advogado deve acreditar por umas horas na verdade que lhe pedem para defender, e depois partir para a próxima verdade que lhe dê dinheiro/não-despedimento. A satisfação do advogado é quando consegue que os outros acreditem nas patranhas que vende, pondo-se à prova de cada vez - um exercício meramente masturbatório. Na verdade, o advogado e o actor são uma única e mesma coisa. Também não sei para que serve.

Mania que esta gente tem de empolar tudo o que se diz. Escreve-se uma coisinha e depois chovem comentários em género de "Nem é só isso, é muito pior!"
Já foi o mesmo com o "Este blogue é uma enorme crise de adolescência tardia."

Masturbatório?
Se de qualquer diligência efectuada me adviesse prazer masturbatório (intelecto ou sexual) andava de juízo em juízo e de vara em vara.

Não digas mal dos advogados porque há gente boa em todo o lado e tu generalizas sem cuidadinho.

Já entre os actores, é certo e sabido que não há um que se aproveite... [suspiro] ...e andam cheios de piolhos, também é vox populi.

Não raro me interrogo, naquelas hipotéticas deambulações que não interessam ao menino jesus mas que são as minhas preferidas, o que aconteceria à nossa profissão (advocacia) se ocorresse uma catastrofe que abalasse as esturturas da sociedade tal como as concebemos. Meaning, depois de um cataclismo qualquer, seriam necessários médicos para curar os feridos, engenheiros para reconstruir as cidades, mas dificilmente as pessoas se preocupariam em constituir sociedades comerciais, ou arrestar os bens de alguém. Não que a nossa profissão seja indigna, ou absolutamente desnecessária, mas é algo parasitária das estruturas artificiais que nós próprios criamos, das necessidades que dizemos aos outros existirem, por isso estou com a diane em explicar exactamente a uma criança o que fazemos. Existimos, sim, somos necessários sim. Mas porque dominamos, depois de cinco anos, uma língua que mais ninguém conhece e movimentamo-nos, quem já foi a tribunal e lidou com cliente directamente sabe do que falo, num universo que para todos os outros, sem exageros , é verdadeiramente kafkiano.
Gosto muito do vosso blog!

Concordo em absoluto. Ocupamos um lugar de topo na piramide do superfluo. Ainda assim, vezes ha em que levado pelo instinto de pertença, tento convencer os extra-grupo da nossa utilidade: deambulaçao sem interesse mas das minhas favoritas.

Concordando em absoluto com tudo o que vocês os dois dizem, apraz-me dizer que pela forma escorreita mas devidamente nebulosa como escrevem...

...são advogados.

Pois...ver resposta em www.teoremadepitagoras.blogspot.com
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