Foi mais ou menos como diz o Diário Digital
Micah P. Hinson voltou ontem pela terceira vez a Portugal, desta vez para apresentar o seu «…And the Opera Circuit», num Santiago Alquimista bem composto de um público bem conhecedor da obra do músico.
A figura de Micah P. Hinson é bastante caricata. Com apenas 25 anos, já conta com uma história conturbada que envolve problemas com drogas, acidentes graves. Ao vivo, revive todo este imaginário com grande afinco nas suas canções e na forma de estar em palco.
No início da sua carreira começou por ser colocado no saco decantautores folk, sendo por muitos considerado um Sufjan Stevens menor. Em palco, mostrou bem como esta definição é redutora e algo desajustada.
Acompanhado por um músico que se dividiu entre o banjo e a bateria (sendo que esta também foi tocada algumas vezes por Will Johnson, que fez a primeira parte), Micah P. Hinson, fumando cigarro atrás de cigarro e com a sua voz rouca e bêbada a lembrar um Shane MacGowan dos Pogues, transportou para o palco toda a emoção e intimidade que as suas canções problemáticas carregam.
Começou por destacar a veia indie ligada à folk/country. Esta faz, por vezes, lembrar um Bob Dylan de «Blood on the Tracks». Em terrenos mais próximos do rock, mostrou-se devdor de uns Pixies, Sonic Youth (principalmente em «You’re Only Lonely») ou até mesmo dos Smashing Pumpkins (em «Close Your Eyes», do primeiro disco, «…And the Gospel of Progress»).
Além de bom escritor de canções, Micah P. Hinson é também um óptimo contador de histórias, com uma bela dose de humor e ironia à mistura (que passaram desde experiências em clubes de strip, às origens do nome do seu pai até críticas a companhias de fast food). No meio de tantas piadas, a postura sarcástica e quase insana de Micah P. Hinson pareceu, por vezes, uma representação. No entanto nada lhe retira um enorme talento, tanto na criação de canções, como na sua apresentação. Na primeira parte esteve Will Johnson, sozinho com a sua guitarra, que arrastou as suas músicas por demasiado tempo, fazendo deste um concerto dispensável.
PML