Um trotskysta de pacotilha
Apesar da incontestada capacidade argumentativa para derreter qualquer dos restantes candidatos presidenciais, Francisco Louçã permanece cativo da obstinação que lhe turva a inteligência.
Louçã apelidou a candidatura de Alegre de "candidatura de protesto". Parece esquecer de onde vem. Aliás, quando apontou que aqui estava a representar a sua história, dizendo que vinha "do Bloco", esqueceu as reminiscências trotskystas do Partido Socialista Revolucionário, mal apagadas pelas operações cosméticas do partido da estrela.
Porque as referências trotskystas, apesar de não assumidas, estão lá.
E entre elas o desenraizamento ao nível da definição do conceito "pátria", conceito expansivo e manipulável.
Pátria é pátria, dê-se-lhe a importância que se der, universalista, fechada, xenófoba, aberta, fraterna, cessionista.
Para Louçã não.
Louçã preferiu definir pátria "por referência a outros", o que de resto transpira toda a sua política que, ao contrário do cosmopolitanismo que o mesmo orgulhosamente apregoa, é plena de pequenez, provincianismo, agressividade e demagogia saloia, tiques dos quais não se consegue expurgar pela simples razão de o seu partido ter atingido essa tão suposta como duvidosa maioridade.
Louçã definiu pátria como "os milhões que se revoltaram numa manifestação inédita contra a invasão do Iraque pela América".
Escolheu definir pátria, por oposição a outra pátria e escolheu definir "pátria" a partir de um episódio circunstancial e circunstanciado.
E revela-se ainda complexado e ressentido, pequeno e não grande, como político e como pessoa. Até porque não é só a máscara de Cavaco que vai caindo.
Louçã chegou ao ponto de dedicar 52 segundos do seu discurso final aos socialistas e, imagine-se, não, pasme-se, criticou e catalogou Alegre como "contra-poder".
Nestes poucos mas relevantes momentos de clarividência, aditados ao cinismo que Manuel Alegre não lhe merece, deitou todo um debate por si bem delineado a perder, unica e exclusivamente por obstinação, defeito de carácter e incapacidade de auto-crítica. E como sempre desilude.
Louçã pode dominar os dossiers que bem lhe aprouver, pode trepar a escala da ética e moral iluminadas, pode descobrir a pólvora.
Quando o verniz lhe estala, demonstra-se um trotskysta ressentido de pacotilha, onde o mau é todo o resto e não os ideais de Trostsky.
Porque não se trata exclusivamente das idiossincracias, falíveis ou não, nem da sua extraordinária capacidade e inteligência.
O que nos safa é que ele é constantemente vítima dele próprio.
E isso chega bem para o derrotar.
Zé Gato
Louçã apelidou a candidatura de Alegre de "candidatura de protesto". Parece esquecer de onde vem. Aliás, quando apontou que aqui estava a representar a sua história, dizendo que vinha "do Bloco", esqueceu as reminiscências trotskystas do Partido Socialista Revolucionário, mal apagadas pelas operações cosméticas do partido da estrela.
Porque as referências trotskystas, apesar de não assumidas, estão lá.
E entre elas o desenraizamento ao nível da definição do conceito "pátria", conceito expansivo e manipulável.
Pátria é pátria, dê-se-lhe a importância que se der, universalista, fechada, xenófoba, aberta, fraterna, cessionista.
Para Louçã não.
Louçã preferiu definir pátria "por referência a outros", o que de resto transpira toda a sua política que, ao contrário do cosmopolitanismo que o mesmo orgulhosamente apregoa, é plena de pequenez, provincianismo, agressividade e demagogia saloia, tiques dos quais não se consegue expurgar pela simples razão de o seu partido ter atingido essa tão suposta como duvidosa maioridade.
Louçã definiu pátria como "os milhões que se revoltaram numa manifestação inédita contra a invasão do Iraque pela América".
Escolheu definir pátria, por oposição a outra pátria e escolheu definir "pátria" a partir de um episódio circunstancial e circunstanciado.
E revela-se ainda complexado e ressentido, pequeno e não grande, como político e como pessoa. Até porque não é só a máscara de Cavaco que vai caindo.
Louçã chegou ao ponto de dedicar 52 segundos do seu discurso final aos socialistas e, imagine-se, não, pasme-se, criticou e catalogou Alegre como "contra-poder".
Nestes poucos mas relevantes momentos de clarividência, aditados ao cinismo que Manuel Alegre não lhe merece, deitou todo um debate por si bem delineado a perder, unica e exclusivamente por obstinação, defeito de carácter e incapacidade de auto-crítica. E como sempre desilude.
Louçã pode dominar os dossiers que bem lhe aprouver, pode trepar a escala da ética e moral iluminadas, pode descobrir a pólvora.
Quando o verniz lhe estala, demonstra-se um trotskysta ressentido de pacotilha, onde o mau é todo o resto e não os ideais de Trostsky.
Porque não se trata exclusivamente das idiossincracias, falíveis ou não, nem da sua extraordinária capacidade e inteligência.
O que nos safa é que ele é constantemente vítima dele próprio.
E isso chega bem para o derrotar.
Zé Gato
It starts to seem the Lobi-do-cha's blog XD
Posted by Carol | 8:28 da manhã
Mas o Alegre afirmar que, por exemplo, que um presidente de um governo regional que fosse demitido pelo PR, não se pudesse recandidatar...facilitou, e de que maneira, a vida ao padre louçã...
O Alegre apenas disse que o assunto já tinha sido discutido e falou na posição do Adriano Moreira que é a correcta. Simplesmente foi demasiad vago.
A verdade é que demitir o pres. de um gov. reg. que se possa recandidatar não só pode esvaziar o poder presidencial de o fazer, como ainda coloca o presidente numa situação política delicadíssima.
A demagogia do Louçã é que o leva a defender avidamente um lado (demissão), para depois se demonstrar chocadíssimo com a ineligibilidade do demitido.
Isto não faz sentido nenhum, enquanto posição política. É pura ambiguidade académica.
Posted by Zé Gato | 10:43 da manhã
In the mean time, o Manuel Alegre não fez, nem faz, entradas a pés juntos. Isso é uma outra escola.
Esmagado?
Correndo o risco de parecer apolítico, a verdade é que Alegre tem postura e perfil. Cavaco tem postura, pouco perfil. Soares teve-os e só os perde porque já ninguém quer acompanhar os caprichos dele.
Louçã não tem nem nunca terá postura. E muito menos perfil.
Se tivesse idade para isso chamar-lhe-ia garoto. Mas há quem tenha e, se não lhe chama, muito certamente o dá a entender.
Posted by Zé Gato | 11:18 da manhã
Precisamente, diane: ainda que a letra o abranja, o espírito da CRP não o permite.
Lux:
Eu disse isto:
A verdade é que demitir o pres. de um gov. reg. que se possa recandidatar não só pode esvaziar o poder presidencial de o fazer, como ainda coloca o presidente numa situação política delicadíssima.
Tu retiraste isto:
"Tu defendes, em consciência, com Adriano Moreira, CDS e Alegre, que alguém não se possa recandidatar porque um Presidente da República tem uma avaliação política, sublinho política, negativa do trabalho dessa mesma pessoa, levando a que esta se demita?"
Não.
Nem eu defendi isso, OBVIAMENTE, nem o Alegre o defendeu, nem sequer o Adriano Moreira.
Simplesmente colocaram a questão:
Se se admite a demissão e um pres. gov. reg. (PGR), para velar pelo regular funcionamento das instituições democráticas, mas não asseguras ineligibilidade (porque não podes, não deves e não tens base legal para isso), no caso concreto do João Jardim (com sucessivas eleições esmagadoras), politicamente, não só acabas por ter exercido um poder meramente formal, como te colocas numa situação em que deves ponderar a renúncia ao cargo de presidente.
Este é precisamente um bom argumento para se defender que o PR NÃO PODE demitir o PGR.
Mas tudo isto, naturalmente, não interessa para um chavelho, no caso do Louçã, porque se desresponsabiliza de se imaginar numa situação dessas, porque não é alternativa e porque nunca vai nem nunca teria condições para exercer a função presidencial.
Posted by Zé Gato | 12:15 da tarde
Não te passes atestado nenhum.
Há o aspecto jurídico e o aspecto político.
O 133º j) permite-o, como permitem os outros a dissolução da AR e a demissão do Governo.
Acho que aqui todos sabemos os artigos, Lúcia.
Agora, quantas dissoluções da AR tiveste, neste regime constitucional? Quantas dissoluções da Ass. leg. reg.?
É precisamente essa "leitura literalista" dos poderes presidenciais, (que pelos vistos parece ser a tua, se bem que ainda não te ouvi uma opinião sobre a questão - sem ser crítica abrasiva- ) que me assusta.
Da forma como falas, o PR exerce "a abrir" tudo o que lhe compete. A competência é de ordem pública. O Presidente tem. o Presidente exerce.
Zero preocupações com a solidariedade e equilíbrio dos órgãos políticos (mesmo que não todos de soberania).
Zero preocupações com a estabilidade democrática.
Há outra competência para além da competência de órdem pública.
Volto depois do almoço.
Posted by Zé Gato | 1:13 da tarde
Não omiti propositadamente. Digo-te que tenho muito apreço pelo Jerónimo de Sousa, mas considero que não tem claramente nem perfil nem condições de criar consenso que lhe permitam considerar-se um sério candidato à presidência da república. (atenção que isto é naturalmente subjectivo. E candidato ele é, tão igual como os restantes)
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É certo que vivemos num sistema de chack and balances, com o que, aliás, concordo.
Agora, vamos lá ver uma coisa:
Não me digas que não achas que o Sampaio só dissolveu (e bem) a maioria Lopes/Portas quando entendeu que o povo (por auscultação, sensibilidade, bom-senso) não ia contraditar o seu acto político.
Não sei se reparaste, mas essa "piquena" característica de auscultação popular, para a tomada desse tipo de decisões não está, nem sequer transparece no que disseste anteriormente.
O mais próximo foi "Dissolvendo governos, convocando novas eleições, se o povo quiser o mesmo primeiro-ministro, por exemplo, não o poderá escolher por imposição de um PR?".
Claro que poderá.
Mas cabe ao presidente, que vela pela democracia e também pela identificação governante/governado, não tomar esse tipo de decisões quando considera não estarem reunidas as condições mínimas para a ruptura entre governante/governado.
Eu não sei o que o Sampaio sabe ou sabia.
Mas retiro (e admito porque lhe concedo o benefício da dúvida) que por altura da partida do Durão, não estavam reunidas as condições de ruptura governante/governado.
Portanto:
- nem o PR quis quebrar uma maioria estável (que de facto era quebrável), nem, naturalmente, pretendeu novas eleições que não eram constitucionalmente exigíveis.
- Por altura da dissolução, o PR nem considerou existirem condições de identificação governante/governados, nem naturalmente o fez sabendo que se sujeitaria a um plebiscito que o poderia ter colocado numa sitação extremamente frágil.
Não digo que as eleições sócrates tenham dado razão ao Sampaio.
Mas que houve uma razoável auscultação popular, essa houve.
Esta é uma posição concreta.
Posted by Zé Gato | 2:29 da tarde
Por lapso disse chack and balances, quando queria ter dito "checks and balances".
Sei o quão apegada és aos correctos termos técnicos (sem te ter contudo por uma purista).
De qualquer forma, corrijo-me.
Posted by Zé Gato | 2:31 da tarde
Estava precisamente a discutir o quão as pessoas às vezes são analíticas.
Sim.
O PR pode dissolver, com o seu juízo político, acrescido da adequada auscultação popular.
E não, não há inelegibilidade, nem pode (constituto) ou deve haver (constituendo). É o que eu acho.
Se o PR dissolver e o demitido voltar a ser eleito, as consequências políticas ficam com quem tomou o acto político de dissolução, o que politicamente, é grave (esvaziamento de poderes e situação política perto do insustentável).
Foi isto que disse desde o início.
Se queres uma posição mais concreta que esta, não sei que mais te posso fazer.
Posted by Zé Gato | 3:24 da tarde