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segunda-feira, setembro 12, 2005 

Ablativo

Encontrava o seu professor de latim, sozinho, perdido de bêbedo, num bar lá para os lados da ria.
Pouco mais se lembrava, para além do nome e que tinha descaradamente tentado seduzir a sua namorada dos 15 anos, o que, apesar dos contornos patéticos, o irritou mais do que divertiu.
Ainda assim, apanágio de uma impulsividade nem sempre desejada, decidiu meter conversa.
Os abraços sucederam-se inevitavelmente, provavelmente à mesma velocidade dos whiskies, quando tinham escorrido do copo.
"Bolas, tamanha ronda de afecto com este é pura e simplesmente demasiada" - desabafou consigo mesmo.
O toque é, de facto, algo complexo. Pode provocar o melhor e o pior. Quantus Bastus, como dizia o que estava em frente.

Ao longo da conversa perdida e encontrada, ia recordando-se. O aspecto seminarista mantinha-se e as palavras enroladas também.
Apesar do despropósito de tudo aquilo, esforçava-se por não ser nem complacente, nem condescentente. Detestava quando o era. No fundo...bom, no fundo tinha bom fundo - pensava.

Merda de condescendência. Estou a ser condescendente.
Segundo disse, agora dava aulas em Ponte de Sor, perto de Portalegre. Perguntei-lhe que tal era. Respondeu: "Eu é mais gajas boas."
(Esta é pela condescendência - assumi.)

À minha frente estava, sem dúvida alguma, o meu professor de latim.

whisky e latim... combinação tão habitual quanto perigosa.

Restless souls.

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