Vi o programa "Grandes Portugueses" pela primeira vez no seu último episódio.
O suficiente para assistir à histeria de Odete Santos e ao alarme [este mais controlado] dos restantes [excepto JNogueira Pinto e a ambiguidade silenciosa de PPortas]por Salazar ter sido o português mais votado, com uns bons vinte e tal porcento de avanço sobre o egrégio Cunhal.
A pobre Maria Elisa, quando instada a pré-parar a decisão, referiu, antes do resultado do sufrágio, que "este programa não teria sido possível há 50 anos, quando não havia liberdade". Instala-se um ambiente pesadíssimo. Sai o resultado. E a grande verdade é que foi uma goleada, a jogar em democracia [fora de casa, portanto]. Invocou-se o voto de protesto, justificou-se o anti-regime, acusou-se o branqueamento do fascismo, evocou-se a constituição, manifestou-se vergonha da terra e do país.
Tudo disparates, senão vejamos.
A verdade é que Salazar é, incontornavelmente, a figura entre os pares 10+ que reúne mais indefectíveis, logo seguido de Cunhal.
E dos indefectíveis reunidos por cada um dos 10+, Salazar é o que convoca mais sujeitos de estrato e faixa etária consentâneos, respectivamente, com o visionamento do programa e o voto telefónico.
Por outro lado, este fenómeno autogenético de
onda ocorreu com a eleição absurda(!) de Matateu como o futebolista português do Século, em programa semelhante do Record Online (eleição essa que, em grau de absurdez, até reputo de superior à de ontem).
Há, de facto, salazaristas por aí. Mas num sufrágio universal e sério, Salazar não sairia, em princípio, o Português do Século.
E se saísse, um estudo sociológico [mais sério que o programa] ao nível das motivações, estas fundadas e/ou infundadas, responderia satisfatoriamente a muitas questões sobre o resultado. Pronto.
Retirar mais ilacções daquele disparate é torná-lo mais sério do que o mesmo pretendeu ser.
Sem mais histerias, pf.
PML