Ataquemos, portanto
Mário Soares afirma que "Alegre se deve demitir do PS".
O candidato apoiado pelo PS afirmou novamente que "Manuel Alegre foi rejeitado pelo PS, pelas estruturas todasm que não quiseram apoiá-lo para Presidente da República".
Independentemente dessa decisão da comissão política do PS ter sido tomada já com o bom e velho Soares dentro ou ainda fora de cena (todos temos a nossa opinião), a verdade é que invocar a demissão de Salgado Zenha não tem ponta por onde se lhe pegue.
Não vivemos num regime de precedente e Soares não tem a mínima razão, seja legal, moral ou estatutária para afirmar que Alegre se devia demitir do Partido Socialista.
Até porque Manuel Alegre, como Salgado Zenha, não se candidataram contra instruções do Partido (mau seria se estas existissem quanto à candidatura presidencial - o que, diga-se, não parece que incomodasse Soares).
Ambos, Alegre e Zenha, se candidataram fora do espectro partidário e fora do círculo de apoio do PS. Não contra. Chame-se-lhe candidaturas extrapartidárias, apartidárias ou suprapartidárias, ficará ao critério do Dr. Soares, tão teimosamente empenhado e utilizar esses termos, tanto face à sua candidatura, como à dos outros.
Acresce que já por três vezes Soares sugeriu nos jornais que "nunca se candidataria à presidência da república sem o apoio do PS."
Pois bem, ou é uma questão de coragem meramente política ou é um verdadeiro turnover deste eterno ouvidor, que afinal de contas não se sente propriamente tão confortável com estes pulos sem rede, ao contrário do que afirma hoje no DN.
E Soares equivoca-se novamente ao invocar a sua opinião pessoal sobre uma candidatura suprapartidária, até porque já não é parâmetro de conduta política do que quer que seja, se é que alguma vez o realmente foi, apesar ter sido no passado tido como tal. Porque os portugueses se começam a aperceber das contradições e o nome de quem as profere não as encobre.
Como também Soares se equivocou ao iniciar o debate com Jerónimo de Sousa, afirmando a sua candidatura como nacional e suprapartidária. Qual é afinal o critério?
Parece-me bem de ver que as candidaturas suprapartidárias, valerão como tal, nos desígnios do Dr. Soares, desde que adequadamente apoiadas pelo respectivo partido.
Uma lição de pluralismo, precisa-se.
Porque uma coisa é certa, e não sendo a essencial, deve ficar bem clara.
Há três candidaturas presindenciais sem qualquer apoio partidário.
A candidatura oficial de Manuel Alegre, a pré-candidatura de Manuela Magno e a pré-candidatura de José Maria Martins.Todas as restantes são apoiadas por aparelhos partidários de maior ou menor dimensão.
Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Carmelinda Pereira , Cavaco Silva e Mário Soares têm apoio de estruturas partidárias, com as dimensões que todos lhes reconhecemos.
Trata-se tão somente disso e a vitimização não é para aqui chamada.
É claro e objectivo que Manuel Alegre tem consideravelmente menos outdoors que as restantes canditaturas socalled elegíveis, tem menos meios, contraiu um empréstimo bancário e abriu uma linha de crédito de contribuições (cujo NIB é 0010 0000 3601 7130 001 38), onde apenas se aceitam contributos a título particular, excluindo os de entidades colectivas.
Mas como também se tornou óbvio desde o início, o apoio da estrutura socialista ao condidato Soares, em termos absolutos, traduz-se tão só no financiamento, na logística e em pseudo-injunções das altas figuras partidárias, que não se cansam de afirmar que Soares é o candidato oficial do PS. Será o candidato oficial, muito bem. "A máquina estava perra, mas agora está bem. Nunca é tarde, ainda vamos a tempo" - afirmou hoje o reincidente Soares ao DN.
Outros não têm máquina. Têm pessoas e essas não emperram.
Porque não se pode fugir do inevitável. O PS não pode descaradamente abrir mão do seu pluralismo e indicar votos.
Por isso, o nosso Primeiro-Ministro termina todas as suas afirmações vertentes sobre a candidatura presidencial de Mário Soares, expressando baixinho que "O PS, mesmo quando se empenha em batalhas, é um partido de gente livre, que responde perante a sua consciência".
Mário Soares pode nunca vir a aperceber-se desta infeliz e involuntária resposta do Eng.º Sócrates.
Mas a verdade é que Manuel Alegre, deputado, vice-presidente da Assembleia da República e militante socialista, enquanto membro do PS e não só, é "livre e responde apenas perante a sua consciência."
Soares responde, e pelo visto, irá responder perante muitos mais.
E nada obriga ou aconselha Manuel Alegre a demitir-se de qualquer cargo ou mesmo de militante socialista.
Muito menos o receio daqueles a quem constrange o exercício da livre determinação e se escudam em candidaturas (ah, estas também socalled suprapartidárias) apoiadas por partidos que terão a espinhosa missão de os relançar das iniciais dificuldades.
Zé Gato
O candidato apoiado pelo PS afirmou novamente que "Manuel Alegre foi rejeitado pelo PS, pelas estruturas todasm que não quiseram apoiá-lo para Presidente da República".
Independentemente dessa decisão da comissão política do PS ter sido tomada já com o bom e velho Soares dentro ou ainda fora de cena (todos temos a nossa opinião), a verdade é que invocar a demissão de Salgado Zenha não tem ponta por onde se lhe pegue.
Não vivemos num regime de precedente e Soares não tem a mínima razão, seja legal, moral ou estatutária para afirmar que Alegre se devia demitir do Partido Socialista.
Até porque Manuel Alegre, como Salgado Zenha, não se candidataram contra instruções do Partido (mau seria se estas existissem quanto à candidatura presidencial - o que, diga-se, não parece que incomodasse Soares).
Ambos, Alegre e Zenha, se candidataram fora do espectro partidário e fora do círculo de apoio do PS. Não contra. Chame-se-lhe candidaturas extrapartidárias, apartidárias ou suprapartidárias, ficará ao critério do Dr. Soares, tão teimosamente empenhado e utilizar esses termos, tanto face à sua candidatura, como à dos outros.
Acresce que já por três vezes Soares sugeriu nos jornais que "nunca se candidataria à presidência da república sem o apoio do PS."
Pois bem, ou é uma questão de coragem meramente política ou é um verdadeiro turnover deste eterno ouvidor, que afinal de contas não se sente propriamente tão confortável com estes pulos sem rede, ao contrário do que afirma hoje no DN.
E Soares equivoca-se novamente ao invocar a sua opinião pessoal sobre uma candidatura suprapartidária, até porque já não é parâmetro de conduta política do que quer que seja, se é que alguma vez o realmente foi, apesar ter sido no passado tido como tal. Porque os portugueses se começam a aperceber das contradições e o nome de quem as profere não as encobre.
Como também Soares se equivocou ao iniciar o debate com Jerónimo de Sousa, afirmando a sua candidatura como nacional e suprapartidária. Qual é afinal o critério?
Parece-me bem de ver que as candidaturas suprapartidárias, valerão como tal, nos desígnios do Dr. Soares, desde que adequadamente apoiadas pelo respectivo partido.
Uma lição de pluralismo, precisa-se.
Porque uma coisa é certa, e não sendo a essencial, deve ficar bem clara.
Há três candidaturas presindenciais sem qualquer apoio partidário.
A candidatura oficial de Manuel Alegre, a pré-candidatura de Manuela Magno e a pré-candidatura de José Maria Martins.Todas as restantes são apoiadas por aparelhos partidários de maior ou menor dimensão.
Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Carmelinda Pereira , Cavaco Silva e Mário Soares têm apoio de estruturas partidárias, com as dimensões que todos lhes reconhecemos.
Trata-se tão somente disso e a vitimização não é para aqui chamada.
É claro e objectivo que Manuel Alegre tem consideravelmente menos outdoors que as restantes canditaturas socalled elegíveis, tem menos meios, contraiu um empréstimo bancário e abriu uma linha de crédito de contribuições (cujo NIB é 0010 0000 3601 7130 001 38), onde apenas se aceitam contributos a título particular, excluindo os de entidades colectivas.
Mas como também se tornou óbvio desde o início, o apoio da estrutura socialista ao condidato Soares, em termos absolutos, traduz-se tão só no financiamento, na logística e em pseudo-injunções das altas figuras partidárias, que não se cansam de afirmar que Soares é o candidato oficial do PS. Será o candidato oficial, muito bem. "A máquina estava perra, mas agora está bem. Nunca é tarde, ainda vamos a tempo" - afirmou hoje o reincidente Soares ao DN.
Outros não têm máquina. Têm pessoas e essas não emperram.
Porque não se pode fugir do inevitável. O PS não pode descaradamente abrir mão do seu pluralismo e indicar votos.
Por isso, o nosso Primeiro-Ministro termina todas as suas afirmações vertentes sobre a candidatura presidencial de Mário Soares, expressando baixinho que "O PS, mesmo quando se empenha em batalhas, é um partido de gente livre, que responde perante a sua consciência".
Mário Soares pode nunca vir a aperceber-se desta infeliz e involuntária resposta do Eng.º Sócrates.
Mas a verdade é que Manuel Alegre, deputado, vice-presidente da Assembleia da República e militante socialista, enquanto membro do PS e não só, é "livre e responde apenas perante a sua consciência."
Soares responde, e pelo visto, irá responder perante muitos mais.
E nada obriga ou aconselha Manuel Alegre a demitir-se de qualquer cargo ou mesmo de militante socialista.
Muito menos o receio daqueles a quem constrange o exercício da livre determinação e se escudam em candidaturas (ah, estas também socalled suprapartidárias) apoiadas por partidos que terão a espinhosa missão de os relançar das iniciais dificuldades.
Zé Gato