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sábado, janeiro 29, 2005 

Camilo escrevia por encomenda

Estava aqui a fumar um cigarro, a meio caminho no processo de decisão de ir lá fora beber uma cerveja e rever amigos dos "noventas"...
Reparei que sinto falta do bater das teclas sem objecto concreto a derivar. Vou arriscar o post mais improvável que já escrevi. No liceu não me apaixonei por matemáticas e não lido muito bem com ratios e probabilidades e, por isso, não tenho forma de aferir a improbabilidade deste post, estatisticamente falando. Talvez porque o critério de normalidade nunca foi o critério mais forte para mim, apesar de sempre o usar, confesso.(um bocado como a democracia, que nem os mais convictos democratas convence tout court.)
Queria que este post fosse total e absolutamente imotivado, um pouco para contrariar aquela certeza de que todo o comportamento humano visa um fim, aquela treta que do "nada hegeliano" tem necessariamente de surgir algo. Cá está o algo, mas desta vez imotivado. Um exercício de free writing association. Uma boa escolha de palavras com uma fonética jeitosa e sem mensagem nenhuma para transmitir ao receptor. Estou empolgado neste processo nada criativo e meramente descritivo, ou até, porque não, paisagístico. Mas mantenho-me imotivado, desintencionado, às aranhas. Sinto que sim. Vou seguir...
Lembrei-me agora que pareço uma música do Bowie, da qual já não me lembro o nome, que tem uma intro três vezes superior ao corpo da música em si. Quão improvável terá sido essa música nos "seventies", hã? Bastante improvável diria eu. Bastante improvável diria a sony music entertainment.
Já passaram quatro minutos desde que comecei a escrever e permaneço imotivado e sem objecto. Apercebi-me que não vai ser fácil terminar uma escrita que começou a meio, puro passar para o papel do que vai na cabeça, em tempo real, sem parar para pensar ou filtrar conteúdos. Não sou bom em finais, já sei, são sempre estereotipados. Acabo sempre por fazer um longo e tortuoso percurso cheio de reticências e tenho o péssimo vício de terminar com um ponto final, tipo...uma bruta afirmação dogmática! Guia-te por isto, ó tu que me estás a ler. Foi isto que eu conclui! Quão moralista é isso? Vou parar de fazer isso. Mania de debitar ideias soltas e construir um final sólido. Hoje não vai ser assim. Hoje vou recolher do papel para a cabeça, em tempo real, sem parar para pensar, um processo que começou a meio e acaba a meio. Isto não passa de um mero exercício de cópia. Ou de ditado. Isto parece um ditado. Já vão sete minutos de escrita, um título estranho e nada de novo. Está na hora de recolher do papel para a cabeça. Hoje vai ser diferente. Hoje não vou acabar a fra...

Este texto está (improvavelmente) muito bom. Tens que comprar mais uma caixa de comprimidos, mas eu gosto muito deste estilo. E num texto aparentemente desinteressante, só a boa escrita o pode tornar interessante. Foi o caso.

Podemos chamar-lhe o "estilo-comprimidos", se quiseres. Fine by me.
Mas não tenho bem a certeza se percebi onde queres chegar. Obrigado pelo elogio formal, de qualquer forma.

A arte de escrever sobre nada... Gostei!

Jantas?

Jantei e o caril estava óptimo!

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